Procrastinação? Como lidar?

Eu penso que não há um ser humano nessa terra criada por Deus que nunca tenha praticado a procrastinação.

Se existir temos que estudá-lo, porque procrastinar faz parte a rotina de milhares de pessoas.

Simplesmente porque é  mais cômodo e mais confortável adiar a resolução de algumas tarefas, principalmente se forem chatas de se fazer.

O problema é que o falso conforto se transforma em tormento quando vemos tudo aquilo que precisamos realizar acumulado, porque paramos no meio do caminho ou nem tivemos a iniciativa de começar.

Consequências ruins da procrastinação

Algumas horas perdidas podem parecer inocentes diante daquele seriado que amamos.

Não estou querendo dizer com isso que você não deva ter momentos de lazer.

Você precisa deles também, mas até para o lazer é necessário limites, do contrário isso roubará tanto do seu tempo que comprometerá outras coisas que você precisa fazer.

Quando adiamos tarefas importantes o nosso cérebro se condiciona de forma preguiçosa, fazendo-nos achar que sempre haverá tempo sobrando e que poderemos fazê-las depois.

O problema é que o depois nunca chega, pois sempre haverá tempo sobrando e então se fixa o círculo vicioso da procrastinação.

A segunda fase desse processo é o sentimento de frustração.

Por não termos feito o que precisava ser feito  começamos a nos sentir mal, parados no tempo, ineficientes. É como se a vida andasse para frente e nós para trás.

A procrastinação também causa estresse.

Quando deixamos para a última hora aquele trabalho da faculdade, o projeto de publicação de um livro ou ainda nossas atividades corriqueiras do trabalho, a pressão que poremos para tentar acabar a tempo fará os níveis de cortisol se elevem e até a pressão sanguínea também.

Mas como parar de procrastinar?

Vamos ver agora algumas dicas para ajudar a driblar a procrastinação. Vou logo adiantando que vai requerer um pouco de esforço, mas valerá a pena se você puser em prática:

1 – Não confie na força de vontade

Em seu livro O Poder do Hábito, Charles Duhigg diz que a força de vontade é um recurso limitado. Partindo dessa afirmação podemos dizer que confiar num recurso limitado para se motivar a fazer algo é perigoso.

Você escova os dentes todos dias antes de dormir? A maioria de nós sim e fazemos isso sem pestanejar porque se tornou um hábito.

Se fôssemos depender da força de vontade talvez não o fizéssemos (risos). Mas até se tornar um hábito tivemos que repetir a ação algumas vezes.

Use a força de vontade como recurso inicial, mas nunca dependa dela para fazer o que você deve fazer. Transforme a ação que virá dela em hábito.

2 – Crie um novo hábito ou transforme os hábitos ruins em bons

Os hábitos surgem, segundo os cientistas, pelo fato de nosso cérebro estar constantemente procurando economizar energia.

Os hábitos nos fazem poupar esforço. Imagine como seria complicado se de uma hora para outra um motorista esquecesse como faz para dar partida no carro e dirigir?

Haveria muito esforço para aprender tudo de novo a cada dia, semana, mas quando se está no modo automático, a coisa flui naturalmente.

O hábito é formado por três elementos , segundo o livro de Charles Duhigg (O poder do hábito)

• Deixa (ou gatilho);
• Rotina;
• Recompensa

Esses três elementos servem tanto para criar um novo hábito quanto para modificar um hábito existente.

A deixa ou o gatilho

É o que servirá de lembrete para você executar tarefa X ou Y.

Rotina

É aquilo que você deseja fazer todo dia

Recompensa

É o ajuda seu cérebro a saber se vale ou não a pena continuar a fazer isso

Aprendendo a observar deixas e recompensas podemos mudar a rotina e criar novos hábitos ou transformar aqueles que são ruins.

3- Trabalhar com microrresoluções ajuda a criar ou transformar hábitos

Para começar a criar novos hábitos ou mudar aqueles que você acredita serem prejudiciais , sugiro que comece a trabalhar com microrresoluções.

Elas ajudam a construir ou transformar hábitos no longo prazo, principalmente se a mudança for mais penosa de se fazer.

Dividir algo grande em tarefas menores ajuda muito a evitar a tentação de procrastinar, mas não será fácil mudar o hábito.

Nosso cérebro tende a colocar no piloto automático aquelas coisas corriqueiras de todo o dia, a fim de poupar energia, como já vimos.

Por isso, o piloto automático vai querer que o hábito antigo prevaleça, pois é mais econômico. Você terá que ter muita perseverança! Mas depois que mudar, seu novo hábito se tornará automático.

Não esqueça de comemorar cada pequena vitória, mesmo que pareça boba, pois é importante para manter você motivado.

Um exemplo prático: Há algum tempo, comecei a sentir a formação de uma pequena montanha no meu abdômen e queria que essa barriga sumisse.

Comecei a caminhar todos os dias da semana, mesmo na chuva (sério). A caminhada nem sempre é de manhã, nem sempre é de uma hora, mas eu faço todo dia.

Eu já caminhava antes , mas no máximo quatro vezes por semana. O meu gatilho? Olhar para um vestido que começou a ficar feio em mim. A minha rotina? Caminhar todo os dias!

A recompensa? O meu vestido de volta e mais saúde, graças a Deus, porque gordura localizada não é coisa boa!

4 – Aproveite-se da cascata da mudança de hábito

Meu novo hábito de caminhar todos os dias acabou puxando outro: fazer ginástica localizada depois da caminhada, pelo menos três vezes (antes era só caminhada) por  semana.

Isso puxou ainda para um outro hábito: diminuir a ingestão de carboidratos de absorção rápida, fazendo bolos caseiros sem farinha de trigo , mais fibras e proteínas e frutas secas (ótimas para o intestino).

Esse terceiro hábito rendeu uma boa economia, pois bolos caseiros e funcionais são caros e o que eu gastaria comprando um bolo, consigo material para fazer mais de um, um para cada semana.

Fazer exercícios pode ser considerado um hábito-chave .

O que é hábito-chave? Aquele que motiva você a criar novos hábitos. Um outro hábito-chave que mudou muita coisa na minha vida foi acordar mais cedo, inspirei-me no livro o Milagre da Manhã.

Criar uma rotina para fazer que meu cérebro entendesse que acordar cedo era bom para mim não foi tarefa fácil e houve muita resistência no início, mas os frutos foram felizes.

Passei a ter mais tempo para minhas tarefas, para minha família, para fazer o que amo sem ficar reclamando de falta de tempo.

Importante: nosso cérebro pode ser educado, infelizmente para hábitos ruins também o sistema é o mesmo, por isso é tão importante se manter vigilante!

5 – Visualize os benefícios da tarefa completada

Imagine que você deseja economizar dinheiro para uma viagem , mas nunca consegue começar a guardar nem um centavo, sempre deixa para amanhã. 

Segundo Ersner-Hershfield (psicólogo da Universidade da Califórnia em Los Angeles),

“Para pessoas distantes delas mesmas no futuro, economizar é como escolher entre gastar dinheiro agora ou entregá-lo a uma pessoa estranha no futuro”.

Ver um retrato de si mesmo daqui a alguns anos parece ajudar o cérebro a crer que esse futuro pode ser real e isso nos motiva a começar aquilo que insistimos em procrastinar.

Você pode trabalhar com um pequeno mural para visualizar os benefícios da tarefa completada.

Faça colagens  com a foto daquele lugar que deseja conhecer e que sempre adia a viagem porque cai na tentação de gastar o dinheiro com outras coisas que não são, muitas vezes, nem necessárias.

6 – Utilize a “Técnica do 3, 2, 1, agora!”

“Um corpo parado tende a continuar parado. Um corpo em movimento tende continuar em movimento.” Isaac Newton

Desenvolvida pelo psicólogo clínico Thomas Pelan, essa técnica ajuda a evitar a inércia diante de uma atividade que você costuma procrastinar.

Vou dar um exemplo com uma tarefa que não gosto muito de fazer, que é elaborar provas:

• Tarefa: elaborar uma prova;
• Meta: fazer hoje;
• Momento: Estou no sofá;
• Decisão: tenho que começar agora;
• É só começar a contar: 3, 2, 1, agora!

A técnica promete ajudar a agir de imediato e dessa forma evitar que a inércia domine seu corpo.

Quando decidimos  , em torno de 3 a 5 segundos, realizar algo naquele momento, com o cuidado de permanecer na atividade por pelo cinco minutos, rompe-se o ciclo da procrastinação que foi construído na nossa mente.

Use essa técnica da contagem para tarefas desagradáveis. Elaborar provas é uma dessas tarefas desagradáveis para mim, mas que faço rápido, graças a Deus, porque se tornou um hábito, mas até isso acontecer eu sofri um “cadinho”.

Para não ficar exausta na realização de uma tarefa grande, por exemplo, faça pausas. A técnica Pomodoro é uma das que utilizo para isso.

No começo  rumo ao “parar de procrastinar para o que é importante” você precisará de uma boa dose de esforço até chegar no resultado desejado.

A  maioria das pessoas quer soluções mágicas, mas a não ser que você tenha como pagar alguém para fazer o seu trabalho , ele não vai sumir.

7- Outras dicas rápidas

Conte com um apoiador: Está difícil manter o hábito? Que tal uma ajudinha? Peça alguém para ajudar você com uma tarefa que possa ser difícil tanto de começar quanto de terminar;

Elimine as distrações: para manter o foco na tarefa. Eu costumo desligar o wi-fi do celular e colocá-lo bem longe de mim quando estou escrevendo artigos para o blog, por exemplo.

O seu distrator pode ser outro, mas o importante é mantê-lo educado enquanto você realiza o que precisa;

Não se cobre exageradamente: nada de síndrome da perfeição e nem de querer ser o super herói da produtividade logo de cara.

Também nada de querer o equipamento perfeito, o escritório perfeito para começar o que deve ser começado, use o que estiver ao seu alcance e vá se aprimorando com o tempo. provocar frustração;

Uma coisa de cada vez é muito melhor que tentar ser multitarefas, que pode ter o efeito contrário.

Bom, agora é com você! Que tal começar mesmo a driblar a procrastinação?

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