
Resiliência…
De acordo com a Física, resiliência é propriedade que alguns corpos apresentam de retornar à forma original após terem sido submetidos a uma deformação elástica.
No sentido figurado, utiliza-se como sinônimo de recuperação rápida, após traumas ou situações difíceis.
No mundo do trabalho é a palavra perfeita dos que gostam de infligir o trabalho sob pressão.
A mecanização do trabalho quer produzir sujeitos mecanizados e para isso, romantizar o sofrimento físico ou psíquico é uma das estratégias para conseguir adeptos.
Pois quando assumimos essa autorresponsabilidade cruel de estar bem o tempo todo, apesar das circunstâncias, isso nos impede de procurar ajuda.
Então, chegamos a ter vergonha de admitir que algo está errado, porque precisamos ser resilientes, fortes, vestir a camisa da empresa… e assim, escravizamo-nos voluntariamente.
“O trabalhador não se apresenta mais apenas: como o possuidor de sua força de trabalho hetero-produzida (ou seja, de capacidades predeterminadas inculcadas pelo empregador), mas como um produto que continua, ele mesmo, a se produzir “. –Yiinn Moulicr-Doutang,2000.
A escravidão e a resiliência
A lei dos sexagenários libertaria os escravos maiores de 60 anos em 28 de setembro de 1885. Já são quase 138 anos desde a sua promulgação.
Mas a escravidão não acabou. Ela se esconde atrás do trabalho precarizado, que paga o suficiente para se ter o pão e o pano, enquanto o açoite vem de forma voluntária.
Só vence quem é resiliente, quem trabalha mesmo estando doente, porque esse sim veste a camisa da empresa, logo, nessa lógica doentia terá sucesso.
Ficar cansado é sinônimo de fraqueza, adoecer é uma derrota.

E assim vão se multiplicando as mazelas físicas e mentais na nossa sociedade, porque não há ser humano que sobreviva ao abuso diário e ininterrupto e consiga ter elasticidade para voltar ao normal rapidamente.
Desta maneira, vamos encurtando nossos telômeros, adoecendo física e mentalmente e trabalhando para sobreviver.
“Resiliência parece uma expressão criada pelo capital para glamourizar o sofrimento”
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