
Meu marido lembra até hoje de um artigo que leu há quase 20 anos com o seguinte título: “No dia em que o emprego morrer”. Ele era garoto ainda, mas o texto chamou-lhe tanto a atenção que ele guardou aquele pedaço de papel com ele até hoje.
O artigo foi escrito pelo professor José Pastore da Faculdade de Economia e Administração da USP e ele dizia como as tecnologias iriam revolucionar o mundo do trabalho, que as pessoas trabalhariam em projetos que teriam começo, meio e fim.
Terminado o projeto, as pessoas passariam para outros projetos na mesma empresa ou em outra – ou até mesmo de casa. O emprego – no sentido de exercer uma certa atividade por uma mesma pessoa, por muito tempo e em uma tarefa única -estava condenado a morrer, mas o trabalho não, segundo o professor.
A princípio, essa me pareceu uma visão estranha de mundo. Eu conhecia pessoas e parentes que trabalharam por décadas na mesma empresa, muitos fazendo a mesma coisa. Embora eu não gostasse da ideia de fazer a mesma coisa o resto da vida, principalmente algo rotineiro e burocrático, era difícil imaginar um mundo muito diferente disso.
Mudanças
Os anos foram se passando e realmente as coisas mudaram. A internet, as mídias sociais e dispositivos móveis transformaram muita coisa: a forma como as pessoas se relacionam, trabalham e se divertem. Assim como as outras pessoas, também estou vivenciando essas mudanças: meu marido me conheceu por causa de um blog. Atualmente, ele exerce uma profissão que não existia anos atrás e faz um bom tempo que não assistimos TV aberta, apenas filmes na Netflix.
E as mudanças continuam ocorrendo, em uma velocidade absurda, muito além do que estávamos acostumados. Novas tecnologias continuam sendo desenvolvidas e irão permitir a criação de muitas novas formas de trabalho e profissões, ao mesmo tempo em que vão ocasionar o declínio de muitas outras.
O problema é que muita gente ainda não está percebendo isso. Muitos estão ainda pensando como no passado.
É como disse Salim Ismail, CEO da Singularity University: “A ideia de que podemos educar uma pessoa até os 20 anos e esperar que ela passe 30 ou 40 anos contribuindo para a sociedade para depois se aposentar é ultrapassada.”
O conceito de emprego e carreira mudou. Trabalho e problemas para resolver não vão faltar, mas emprego – no sentido de trabalhar na mesma função a vida toda – isso não existe mais, porque o mundo está mudando cada vez mais rápido.
Mudanças são a única constante. Essa citação de Heráclito de Éfeso nunca foi tão verdadeira como agora. O mundo está se transformando rapidamente e nós precisamos acompanhar, se não quisermos ficar para trás.
Trajetória profissional
Recentemente, compartilhei um vídeo na página do Emprelas, uma entrevista com o Sidnei Oliveira, consultor, palestrante e autor de vários livros sobre Liderança e dos best-sellers da série Geração Y.
E nessa entrevista, ele diz que hoje não se fala mais sobre ter uma carreira profissional, mas sobre trajetória profissional.
Por que de agora em diante, devido as constantes e rápidas mudanças, a tendência é que as pessoas não tenham mais uma carreira única ao longo da vida, mas várias carreiras. Elas estarão sempre aprendendo, conforme novas tecnologias vão sendo desenvolvidas e assim, estarão sempre se reinventando e trabalhando em sucessivos projetos.
A carreira será a soma de uma série de coisas que iremos fazer.
Portanto, abandone a ideia de ter de escolher uma carreira pelo resto da vida, porque você terá sempre que aprender coisas novas e se reinventar várias vezes. Esse é a nova realidade do século XXI.
Em vez disso, foque em habilidades que lhe ajudarão a utilizar tecnologia para resolver problemas através de projetos. Habilidades como Criatividade, Empatia e Flexibilidade (capacidade de adaptação) serão um diferencial muito importante daqui em diante. Aqui no Emprelas estou sempre compartilhando textos sobre esses assuntos. Acompanhe-nos pelas redes sociais ou por e-mail.
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Que post incrível !!! Me identifiquei muito com você e as pautas que escreve, é tipo assim tudo que eu penso e não sabia como expressar meus parabéns !
Obrigada Taís! Fico feliz que tenha gostado! Muito obrigada pelo comentário! Grande abraço!
Olá
Olha eu sempre convivi no meio de quem tem uma carreira para o resto da vida (o funcionalismo publico) onde desde sempre pude observar pessoas as quais recorreram a certos empregos por conveniência , muitas fazendo pouco pela profissão e outras apenas garantindo o emprego e não privilegiando o trabalho.Eu sempre achei isso um desastre, e concordo com quem acha que tem que ser por projetos e findando o mesmo que se parta pra outros.
Grande texto como sempre bem completo.
Grande abraço.
Acho que a vida assim é mais rica sabe Isa? Nada contra quem quer ter apenas um carreira, mas o mundo muda tão depressa nos nossos dias que acho que até mesmo aqueles que querem poderão ser obrigados a mudar por força das circunstâncias. O funcionalismo público é uma das poucas categorias que ainda permite essa permanência quase vitalícia no trabalho, mas às vezes a gente enjoa rsrs
Abraços!